Monday, January 08, 2007

Garden State

Não sei se conhecem o fantástico Zach Braff (o J. D. da não menos fantástica série Scrubs). Esta mente brilhante decidiu, à aventura, escrever o argumento e dirigir a realização de um dos meus top 5 filmes: Garden State.

Ainda bem que se aventurou. O filme é de uma subtileza incrível (sim, já sabem que adoro subtilezas). Não vou contar a história: that would take the “f “out of fun. Venho só recomendar. A forma como se desdramatiza uma história de vida macabra e como se descobre sentido para tudo é, simplesmente, brilhante. Aprende-se a sentir. A saborear. A viver cada momento pelo que ele é e não porque pode não existir amanhã. Uma nova e refrescante filosofia de vida.

Um Zach Braff atropelado e perfeito para o papel.
E uma Natalie Portman doce e espontânea (como sempre…). Não sei explicar. O filme é perfeito.

Sim, notam-se ligeiras falhas de realização (é um novato), mas não há o que apontar ao argumento. É incrível a complexidade das personagens.
A Natalie Portman faz-me lembrar o Jesse adolescente, com todos os sonhos e vida à flor da pele, com a espontaneidade a gritar, sem medos, sem amarras, com a naturalidade com que abraça o amor – como se fosse fácil sentir e mostrar que se sente, com a segurança disfarçada de que há coisas garantidas ainda que por breves momentos.
E o Zach Braff é enternecedor em todo o seu vazio e impenetrabilidade.

Não é possível esquecermo-nos de sentir. A vida corre. E acontece a cada instante. Ainda que estejamos adormecidos. Ainda que nos tenham mostrado o caminho mais fácil e nos tenham negado a oportunidade do desafio. Ainda que nos sintamos velhos e com pouco para dar. Ainda que a vida tenha sido fodida até ali. Ainda que acreditemos (não porque sim mas porque nos têm provado) que há coisas irrecuperáveis.
Ainda assim, arranjamos força para gritar, exigir, voltar a conversar, aprender a gostar do que somos e, mais, acreditar realmente no que podemos ser. E, acima de tudo, descobrir que há alguém por aí que não precisa de saber o que vamos ser… Há quem saiba ler o que escondemos na nossa vulnerabilidade. Há quem guarde a única lágrima que conseguimos largar como se fosse um tesouro, daqueles que se mostram em cartazes gigantescos de publicidade.

E, against all odds, há quem afirme a vida, não pelo que traz de bom, mas pelo que ela é. E isso é revigorante.

A não perder. Mesmo.

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