Tuesday, February 26, 2008

2 dias em Paris

Hoje parei e pensei: as críticas cinematográficas (bem, não exactamente críticas porque não me assumo enquanto pseudo-intelectualóide know it all – although some may disagree…) fazem-me falta.
A mais recente descoberta tem a assinatura de uma das minhas (sentido de posse sempre) chicas do cinema: Julie Delpy.
Ainda que tenha Woody Allen all over it (acho honestamente que já não conseguimos criar – só reinventámos o que alguém já escreveu), os 2 dias em Paris surpreenderam. Porque está lá ela (quase irreconhecível e com uma beleza disfarçada e não declarada como nos Befores) e porque a Julie em tudo o que escreve não larga a Celine. Acredito que não é uma personagem criada (porque o que escrevemos rouba tudo de nós) e sim honesta, transparente e real. A paranóia e a obsessão-compulsão continuam lá (com a agravante – e ao contrário do Jesse – de ter criado um outro a sofrer dos mesmos males), as barreiras mantêm-se e são exacerbadas ainda que superficialmente lhe chamem “relação” (ou qualquer outro nome que decidam, porque honestamente nunca consegui arranjar apelido e detesto o peso que este implica). O filme é todo eles, talvez devesse chamar-se “Os dois em Paris” (e nunca “Nós em Paris”). O nós deixa de fazer sentido… dilui-se no conjunto de histórias não contadas e desconhecimentos e desconfianças fundadas. Será que realmente chegamos a conhecer alguém? Intimidade é só isso: intimidade. Significa tirar a roupa, cantar sem vergonhas, sentirmo-nos observados enquanto dormimos, não acordar sozinho, discutir sempre pelo mesmo, conhecer pelo cheiro a quem nos damos, ou simplesmente uma convivência sem senão. Só significa isto. As barreiras estão lá. Sempre. Porque já caminhamos antes, porque não vivemos isolados até então, porque escolhemos em nosso pleno direito não largar as pequenas conquistas (falemos de amigos, música, sexo, ou cigarros partilhados às 4 da manhã), e porque gostamos de revisitar de quando em vez. Tudo se resume a liberdade, right? Uma “relação” (lá estou eu outra vez, help me to find another word!!!) não nos encerra. E a Marion personifica esse não renunciar, ainda que isso implique a perda. Fará sentido? Those who know me well, know i’m always saying: of course! You don’t break until you lose. Por estas e por outras, e por ser a Sara que alguns (poucos) conhecem bem, não gostei do final. Pouco realista. Demasiado unlike real life. Porque conhecer alguém custa. Não por implicar dar. Custa mais receber do que dar. A minha vida sei-a de cor. É dado garantido. E é dado meu. Estender a mão e dizer “ok, this is it, take me to your neverland (or hell-land as I gently like to call it)”? Bullshit! Daí que o Jack seja bem menos credível que o Jesse. Não lhe somos indiferentes, mas não conseguimos adorá-lo. Porque cede. Porque ama demais. Porque pega na borracha mágica (que nem coberta de ouro eu agarrava) e diz “começamos do zero”. Fuck off! (right? – aí vem o mau feitio) Poderão discordar (e agradeço que o façam). Talvez (só talvez) seja demasiado céptica. Ou talvez seja como a Julie e não consigo descentrar-me do que sou ou imprimir algo que não seja verdadeiramente meu no que escrevo, digo ou faço. Honestidade ou incompetência (still figuring it out). Talvez seja essa a questão do filme: de quanto estaríamos dispostos a abdicar, ou melhor, quanto queremos que alguém abdique? Anyway, não podemos abdicar do que já foi. E o facto de termos sido ou estado, e isso ter construído um bocadinho do que somos, não implicará não abdicar ponto? Don’t know. Voltei às minhas excursões mentais e “divagações inconstantes” (como alguém repetia vezes sem conta – miss you by the way). All flaws aside, o filme vale a pena. Porque é cru. Porque não há exclusividade nem propriedade. Porque há escolhas (drawing lines or crossing them – como diz a Meredith). E porque a vida real tem de facto piada (ou não fosse o filme um paralelismo a um Annie Hall ou Manhattan e uma homenagem – ainda que encoberta – ao cepticismo do Woody). E, ainda, porque foi o ponto final (ou o início – nunca consigo perceber bem a diferença). Agora dar uma de pseudo-intelectualóide ficar-me-ia a matar: não imprescindível (5 estrelas) mas um “vale a pena” bem gordinho. Aceitam-se sugestões e mais divagações.

Beijos e abraços

0 Comments:

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home