Friday, November 03, 2006

What does it mean 'the love of your life'?

Ontem revi(vi) o Before Sunset. Não sei se é a melhor palavra porque a verdade é que nunca deixo de estar naquele filme, ou de ser o que é ali retratado. Não se trata de uma obsessão incurável. Mas sim de o sentir demasiado pessoal, demasiado eu. É impossível desligar-me do que nele é dito. Revejo-me na maturidade disfarçada da Celine. É interessante… Eles tinham a minha idade no Before Sunrise. Mas são mais eu neste. Sinto que pus de lado as ideias de amor romântico há algum tempo. Admito que, em tempos, acreditei n’ A pessoa. Reconheço que comprei a ideia de ‘para sempre’. Empenhei-me para que resultasse. Dei de mim. Não poderia ser de outra forma. Sou eu. E eu envolvo-me. Ligo-me a pormenores. Vivo de e por momentos. Ainda que os deixe passar. Ainda que os largue propositadamente. Reconheço a minha incompetência na matéria. Não por escolha, mas por convicção. Sei o que quero. E acredito em ligações. Aliás, e como diz a Celine, se há alguma magia no mundo é no espacinho entre as pessoas, aquele bocadinho reservado para o que se troca, o que se dá, o que se tira, o que se sente. Continua a ser a minha filosofia, ainda que reconhecendo a quase inviabilidade de a ela resumir a minha felicidade. Porque “the concept that you can only be complete with another person is evil”. E eu não compro a ideia. Acredito que as coisas valem pelo que me fazem sentir. E eu valorizo tanta coisa. Um filme que vi ao fim da tarde numa sala quase vazia, uma música que não ouvia desde os 12 anos, um CD que revisito num espaço agora diferente, uma conversa de café sobre todos os nadas, um cigarro partilhado à uma da manhã, olhar para quem sabe quem sou, a segurança de não estar sozinha mas poder estar só, sorrisos desconhecidos na rua, chegar esgotada a casa mas arranjar tempo para um chá e um filme meu, sentir a chuva nos braços e nos dedos dos pés, descobrir um fim de tarde para caminhar, ouvir um MP3 a desligar-me do mundo, a tua expressão, uma noite perdida em Agosto, chamadas às 4 da manhã, um copo no velho bar de sempre (que mantém o espaço mas não a alma), beijos no pescoço, a tua voz, um concerto há muito esperado, mimo da amiga de sempre, um postal de alguém que a distância não consegue afastar, sentir-me em casa, um álbum de fotografias onde não me reconheço mas consigo admirar-me, a t-shirt preta que repetias vezes sem conta.
Agora sei… não eras tu.

6 Comments:

At November 3, 2006 at 4:44:00 PM PST , Blogger Rick said...

É incrível como me revejo tanto nas coisas que escreves. sinto que eu poderia escrever algo semelhante. Lembro-me agora de uma frase do american beauty, em que o Buddy diz: "às vezes, sinto-me rodeado de tanta beleza, e tao arrebatado por ela, que o meu coraçao vai explodir; que nao consigo aguentar tanta beleza existente no mundo". è o q sinto ao ler o que escreves, pois transportas a tua realidade para aquilo que realmente importa na vida: as pequenas grandes coisas.. E essas sim, sao as mais belas do mundo.. Adoro ler-te, continua.
Bjo

 
At November 4, 2006 at 4:00:00 PM PST , Blogger eternal sunshine said...

e tao bom saber que ha quem perceba... little things. essa e a minha frase preferida do american beauty. e lembra-m the overall philosophy do sete palmos de terra. tenho um post teu para comentar. preciso de tempo. tem de ser um comentario a altura. obrigada pelos elogios. vou continuar a escrever, nem q seja pelo pequeno prazer de ler comentarios como este. beijo.

 
At November 10, 2006 at 10:03:00 AM PST , Blogger A. said...

indescritivel a sensação de ler o que tantas vezes pensei, penso, senti e sinto... e provavelmente continuarei a pensar e a sentir...

a sensaçao daquelas duas pessoas que se conheceram naquele comboio de budapeste para viena, fazerem parte da nossa vida, de nós... de sermos elas um pouquinho todos os dias...

e sigur rós é tão bom... depois de ny bateri, vidrar e vaka... veio o Takk todo um cd de chocolate. de Milano a hoppípolla.

já agora.. aconcelho.te mogwai se ainda nao conheces (I know you are, but what am I - a forma como um piano pode falar por si)

 
At November 10, 2006 at 10:18:00 AM PST , Blogger eternal sunshine said...

mogwai é outro dos meus vicios. mx n consigo compará-los a sigur ros. a hoppípolla ao vivo é brutal. é um arranque emocional. confession: ainda hoje me custa ouvi-la em cd... não sei explicar. aquele momento... único concerto em que as lágrimas foram um substituto perfeito das palmas.

 
At November 10, 2006 at 3:49:00 PM PST , Blogger A. said...

nao vi o concerto... estava de erasmus na romenia...

andei o dia com um aperto cá dentro naquele dia...

nao sei cm seria ouvi.los a tocar svefn-g-englar... vidrar.. ou ny batery...

bem, cometi uma vez d ir ler as traduçoes.. e perdi um pouco o encanto.. ate que chegou takk (para mim o melhor album quer deles, quer de todo o ano)

 
At November 13, 2006 at 3:27:00 AM PST , Blogger eternal sunshine said...

sem duvida o melhor album de sempre. é de facto indescrítivel um concerto de sigur ros. sente-se que estamos todos em sintonia. tudo a sentir o mesmo, independentemente do significado pessoal e único que atribuímos a cada canção. não consigo perceber como se chega tão longe, como se consegue que uma música seja tão íntima e pessoal. não sei se já experimentaste mas das poucas vezes que ouvi o cd em casa com amigos senti o mesmo. tudo em silêncio. tudo em sintonia. e acabamos por nos ver uns aos outros... percebes? o que tens de mais íntimo e teu é partilhado ali. sem palavras.

 

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home