letter to you
Não sei bem como me decidi a escrever. Deve ter a ver com o facto de estar cheia de sono, extremamente cansada e portanto com o sentido do ridículo bastante em baixo. Provavelmente daqui a umas horas vou bater insistentemente com a cabeça na parede. Mas, pensando bem, se não escrevesse acabaria por bater com a cabeça na mesma. Não deves fazer ideia do que estou a falar. Não prometo um discurso coerente. Não costuma ser o meu forte. Aviso-te já para fazeres um esforço duplo ao ler isto.
Admito que pensei escrever no dia 1 de Abril para ter um álibi. Podia sempre alegar que tinha sido tudo uma brincadeira. Se bem que isso seria ainda mais ridículo. Estou a divagar e a divagar quando devia ir directa ao assunto.
Sabes quando te cansas de conversas que não têm conteúdo? Estás ali mas estás a gritar por dentro. Há muito tempo que me queixo disso. Chama-lhe arrogância. Eu não tenho o dom da hipocrisia. Se não gosto do que dizem ou fazem, não me esforço muito por escondê-lo. E lá estou eu a divagar… Por isso, sinto-me mesmo bem quando consigo encontrar alguém com quem ter conversas interessantes sobre coisas que realmente me dizem alguma coisa. Como filmes. Ou certas músicas. Ou simplesmente aquelas coisas que aparentemente não dizem nada da pessoa mas que de alguma forma conseguem ser extremamente pessoais. Talvez não esteja a fazer muito sentido. É normal. Acontece-me regularmente. Tenho uma tendência muito forte para divagar. O mais assustador é que isto já é uma organização imensa do discurso que de facto tenho na minha cabeça. Gosto de me sentar numa mesa de café a falar contigo. Gosto de te ouvir. E não são muitas as pessoas que me ouvem dizer isto. Não é por elitismo, acredita. Simplesmente há pessoas que me tocam e outras que não. E não sou hipócrita ao ponto de fingir que todas têm o mesmo efeito em mim.
Torna-se tão mais simples escrever. Como as consequências não são imediatas, acabas por usar as palavras como escudo. Se bem que o escudo é relativamente ilusório. O que escrevi vai ter consequências. Ou ignoras ou decides falar sobre isso ou escreves. Espero que a falar, fales comigo. Detestaria saber que alguém além de ti teve acesso a isto.
Talvez não estejas a perceber onde quero chegar. Eu também não sei bem onde quero chegar. Não gosto de jogos. Houve alturas em que preferi as mensagens subtis. Tem a sua piada até chegares à conclusão de que já não sabes distinguir se as coisas realmente aconteceram ou se foste tu que as viveste assim. No fundo, não importa. As coisas valem pelo que te fazem sentir. Mas acabo sempre por esperar reciprocidade. Esperar, não exigir. Obviamente. E torna-se complicado saber se realmente as coisas estão acontecer quando as palavras claras e directas são evitadas. Sempre achei que era a melhor forma de agir. Estava sempre protegida. Independentemente de ser real ou não, eu sentia-o como tal e isso era suficiente. Claro que tudo tinha um fundo de real. Não sou lunática. Mas as coisas não tinham o valor que eu lhes dava. Acho que dá para perceber onde quero chegar. Aprende-se com os erros. Inclusive isto pode ser um erro. Ou não. Sinceramente, não me interessa. Costumo ser bastante impulsiva nas palavras. Se tenho algo a dizer, digo (ou escrevo…). Normalmente, as pessoas ficam sem saber onde queria chegar. Mas pelo menos eu fico de consciência tranquila. Disse o que tinha a dizer da forma que queria dizê-lo. Se não fizer muito sentido, well… blame it upon a rush of blood to the head.
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